sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PROSA & VERSO

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Espectador do ‘Canal Futura’ sem perder o passado de vista
Lutei durante quase dois anos por um pacote de convênios e repasses federais para a cultura do Rio Grande do Norte.
Pouca coisa se concretizou por força do emperramento da burocracia. Mas não foi tão pouco assim, pois bastaria falar da legalização dos convênios de 53 Pontos de Cultura, dos quais 30 ficaram com sua primeira parcela paga, falar de 105 microprojetos em mais de sessenta municípios, do Festival Agosto Teatro, de quase 30 bibliotecas públicas municipais implantadas, de 25 Cinemas Mais Cultura para não se ficar falando que nada foi feito ou que há um marasmo cultural no Estado. Até porque a cultura existe independente do Estado, visto que qualquer especialista em cultura está a afirmar que quem faz cultura não é o Estado, mas a sociedade civil organizada, cabendo ao Estado, o papel de apoiador, sem interferir, sem impor, sem direcionar, sem explorar politicamente.
Esquece a professora Isaura Amélia que antes de mim estava ela na direção da Fundação José Augusto e que da sua gestão restou um verdadeiro caos, algo que fez mais estragos do ponto de vista institucional que o próprio Foliaduto. Mesmo assim, limitei-me a elaborar um relatório de mais de cem páginas sobre os descalabros e enviar à governadora através de um dos seus assessores mais discretos e qualificados e destinar o mesmo relatório aos dirigentes do PT, partido que estava me indicando. Comentei os problemas internamente, e, em nome da minha obrigação de olhar para frente, de trabalhar e de não jogar a imagem da Fundação José Augusto no esgoto mais do que já se encontrava, nunca fui à imprensa detonar a gestão dela nem a de François Silvestre, a quem, por sinal, só dirigi e continuo dirigindo elogios. E se fiz alguns comentários foi em reuniões internas, pois precisava diagnosticar os problemas e cientificar a equipe para receitar os remédios possíveis para a cura da estafa que tinha deixado a Fundação exaurida, ou, por que não dizer, "isaurida".
Os motivos pelos quais autorizei o Ministério da Cultura a anular os convênios estão mais que explicados. E também já expliquei a busca inglória de diálogo com a equipe da governadora eleita, antes da minha saída. Mandei recados por muitos amigos comuns e pela imprensa.
Busquei audiência com a Comissão de Transição através da coordenação dos Pontos de Cultura, inclusive, porque estaria vindo e veio, de Brasília, a doutora Eliete, coordenadora do Programa Cultura Viva que financia os Pontos de Cultura. 
Os esforços para que fôssemos recebidos pela Comissão de Transição resultaram sem resposta, mesmo que os coordenadores tenham tido mais de um contato com a secretária do dr. Paulo Davim que fazia parte da dita comissão. Mandei, através de uma comissão de artistas que estava buscando diálogo com a governadora Rosalba Ciarlini e que chegou a conversar com a sua irmã Ruth Ciarlini, um relato de todas as ações da nossa gestão e o estágio em que se encontrava cada convênio, inclusive valores e o meu temor de que - pelo fato do governo Iberê não ter dinheiro para as contrapartidas, o que, aliás nos tinha sido prometido até o limite da força da verdade dos cofres esvaziados - tivéssemos os convênios sustados. 
Continuemos nas Notas Curtas.
Compromisso
Em todos os recados coloquei-me à disposição da governadora e de quem ela indicasse para ir a Brasília comigo para tentar salvar os convênios mediante um compromisso da nova gestão de que ela, já eleita, iria garantir os recursos, como aquele que Lula, Ciro Gomes, Garotinho e José Serra, ainda candidatos, assinaram com o FMI no final de 2002. Nem eu, nem o governador Iberê Ferreira de Souza poderíamos assinar compromissos financeiros para 2011. E se os convênios continuassem vigentes, na virada de 2010 tornariam o Estado do Rio Grande do Norte inadimplente, obrigando o novo governo a devolver o dinheiro federal e o valor da contrapartida estadual corrigidos. A professora Isaura sabe do que está falando, pois comenta-se que a Fapern, por onde ela também deixou seu rastro, tem compromissos da ordem de 22 milhões a saldar por não ter tido estes cuidados...

Sem querer conversa
Depois de definida como secretária extraordinária da Cultura, Isaura fez reunião no Teatro Alberto Maranhão, ligou para vários funcionários da Fundação fazendo interrogatórios, chamou servidores em seu apartamento e nunca se dignou a me procurar, mesmo sabendo que todas as vezes que me havia acessado tinha sido muito bem atendida, como nas várias vezes que solicitou o Teatro Alberto Maranhão, o Teatro de Cultura Popular, o Palácio da Cultura e as Casas de Cultura para eventos, quando pediu cessão de servidores e quando pediu autorização para publicar os livros com os vários "bons dias" que realizou quando na Fundação, livros estes que me enviou depois dizendo, deselegantemente, que estavam à venda nas livrarias...

Um gesto civilizado
E olha que, apesar de toda a sua perseguição dentro e fora do governo Wilma, onde ela ficou o limite do fora do sério nunca nos tornamos inimigos pessoais. De modo que esperei uma ligação sua, um gesto civilizado, como o que testemunhei do professor Luís Eduardo Carneiro ligando para Gersino Maia marcando uma reunião sobre a Sethas, mas nunca recebi. Portanto, está bom de Isaura parar de baixaria e começar a honrar o cargo pomposo para ela inventado e o sobrenome nobiliárquico que exibe com tanta empáfia.

Cutucando...
Seria de bom alvitre que a professora Isaura Amélia descesse do palanque, pois eu não quero elevar o tom desta discussão, o que, com certeza não seria muito bom para sua saúde... 
Tenho feito o possível para dar-lhe o benefício dos cem dias de trégua, mas ela insiste em provocar, em cutucar... 

Conselho
Parece que não ouviu o conselho do ministro Garibaldi Alves à sua cunhada governadora de que parasse de olhar para trás e começasse a dar respostas aos problemas do Estado que hoje governa por força do voto popular, em vez de ficar culpando Iberê Ferreira e Wilma de Faria pelos problemas do passado e os do presente.

O tom
O livro que vou escrever sobre a experiência de quatro anos à frente da cultura tem muito o que dizer e deverá ter muito mais, a depender do tom das provocações.

Culpas e cobranças
Por enquanto, estou recomeçando a luta pela sobrevivência e cuidando da minha vida pessoal e familiar, rejeitando todas as perspectivas de vir a assumir cargos públicos. Mas também sou um atento espectador do "Canal Futura"... E está muito próximo o tempo em que Isaura e Rosalba deixarão de cobrar e culpar e passarão a ser cobradas e culpadas pelo que não for feito ou estiver sendo feito de maneira errada.

A professora Isaura Amélia de Souza Rosado, depois de aboletada num cargo ainda não totalmente legalizado e forjado numa engenharia estranha, que criou uma Secretaria Extraordinária de Cultura, para, desabridamente burlar a lei do nepotismo vive a destilar ódio. Acessa diariamente a imprensa contra mim e meus companheiros de gestão da Fundação José Augusto, no período que vai de 7 de fevereiro de 2007 a 31 de dezembro de 2010.

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